Formar hábitos no trabalho não é força de vontade, é estratégia
Você já tentou ser mais produtivo no trabalho e fracassou no meio da semana? A culpa não é (só) sua. É que formar hábitos saudáveis não depende de motivação, mas de ciência.
Cibele Esteves
6/25/20252 min read
Formação de hábitos no trabalho: como melhorar a produtividade com a ajuda da neurociência e da Terapia Cognitivo Comportamental
Se você já tentou criar o hábito de organizar melhor sua agenda, parar de procrastinar ou responder e-mails com maior agilidade, sabe que não basta força de vontade. No ambiente de trabalho, onde o ritmo é acelerado e as distrações são muitas, formar hábitos eficazes parece até missão impossível. Mas a boa notícia é: não é mágica, é ciência.
De acordo com a neurociência, nosso cérebro adora hábitos. Eles economizam energia e ajudam a automatizar comportamentos, o que é ótimo para manter a produtividade. Mas também significa que, uma vez estabelecidos, hábitos ruins são difíceis de largar. Isso acontece porque o cérebro “salva” esses padrões nos gânglios da base, uma região responsável por ações repetitivas. Ou seja: quanto mais a gente repete, mais automático vira. E isso vale tanto para revisar a pauta da reunião quanto para checar o Instagram a cada 15 minutos.
A TCC nos ajuda a quebrar esse ciclo automático. Na prática, ela propõe um olhar mais abrangente e aprofundado sobre o comportamento: quais são os gatilhos que disparam o hábito? Quais pensamentos e crenças estão por trás dele? E, principalmente, como podemos substituí-lo por algo mais funcional e que proporcione mais qualidade de vida? No contexto corporativo, isso pode significar trocar o hábito de evitar feedbacks difíceis por uma rotina estruturada e consistente de conversas francas, por exemplo.
A formação de novos hábitos no trabalho depende de três pilares: clareza, repetição e recompensa. E um erro comum é tentar mudar tudo de uma vez — “a partir de segunda vou acordar às 6h, meditar, correr, ler e ainda entregar todos os relatórios adiantados”. Spoiler: seu cérebro não vai comprar essa ideia. O ideal é começar pequeno e específico. Em vez de “quero ser mais produtivo”, tente algo como “quero revisar minha lista de tarefas sempre antes da primeira reunião do dia”. Mais fácil de lembrar, mais fácil de repetir.
Algumas dicas da neurociência para fortalecer esse processo:
• Reduza o atrito: se o novo hábito parecer muito trabalhoso, o cérebro vai sabotar. Torne-o mais simples e acessível (por exemplo: abra a agenda do dia anterior já com espaço para revisar pendências).
• Associe a algo que já existe: hábitos funcionam melhor quando vêm “acompanhados” a outros. Se você já toma café todo dia às 9h, associe a esse momento uma micro-reflexão sobre prioridades.
• Use o ambiente a seu favor: post-its, alarmes, ferramentas visuais. Nosso cérebro responde melhor a pistas visuais do que a boas intenções.
Por fim, lembre-se: mudar comportamento não é só questão de disciplina, é questão de como o sistema funciona. Ambientes de trabalho que incentivam o aprendizado, valorizam pequenas vitórias e reconhecem o esforço das pessoas têm muito mais chance de ver hábitos positivos florescendo. Criar cultura é, no fundo, criar repertórios comportamentais e hábitos funcionais em grupo.
E você? Que hábito pequeno pode começar a cultivar hoje para fazer a diferença na sua rotina — e na cultura do lugar onde trabalha?